Anos 80, Anos 90

Já se passaram mais de 25 anos desde o início da década de 80. A geração que teve a sua infância e adolescência no final dessa década começa agora a conseguir ultrapassar os complexos dessa fase da vida e a olhar para esses anos com um encanto saudosista.

Eram tempos de mudança, de liberdade, de progresso e rebeldia. Eramos pobres mas sentiamo-nos ricos. Ainda se brincava na rua, mas já havia o spectrum e o commodore para jogar em casa com os amigos quando chovia. Entravam as primeiras multi-nacionais pelo país, experimentava-se o McDonalds, a Zara e o Pacha. Inaugurava o primeiro Continente e abria-se uma conta jovem no banco.

Até agora olhava-se para trás com medo de analisar as opções tomadas. Eramos novos, fomos inocentes em alguns momentos. Mas noutros fomos mais fortes e decididos do que o somos agora. Lembro-me das manifestações juvenis contra as proprinas, pela paz em Timor. O que agora se vê vezes sem conta, nesses tempos fazia-se pela primeira vez. Fechar escolas a cadeado, greves de fome...

Quem passou por isto consegue, se o tentar recordar, distinguir aquilo que era e naquilo em que se transformou o país, nas pessoas, nas organizações, nos valores. É importante nesta fase da vida destes que o podem fazer, analisar o porquê e o como, avaliar os resultados e começar a deliniar um futuro com cabeça. Cada vez mais se nota a influência da nossa geração. Estamos a começar a mudar mentalidades. A assumir responsabilidades e postos de influência. Está a chegar a nossa vez. Geração X, Y e Z.

Quarta-Feira fui ver Violent Femmes ao Cinema Batalha. No fim de semana vou ver a exposição "Anos 80" a Serralves. Sinto que preciso ver o que se andava a fazer quando era um miudo. Para avivar a memória. Para melhor me compreender. Para assumir o passado, e acreditar no futuro.